Como aprender estudando online?
*Autor convidado
Desde março de 2020, quando foi declarada a pandemia de Covid-19, certamente essa é a pergunta mais feita pelos estudantes universitários: “Como eu faço para aprender, estudando online?”.
Acostumados às salas de aulas, ao ambiente universitário e ao contato físico com os seus professores e colegas é natural que muitas dúvidas e comparações surjam.
No meio de algumas incertezas, é certo afirmarmos que não podemos comparar o ensino presencial com o ensino online, pois são propostas que se utilizam de meios e processos educacionais diferentes entre si.
Também é fato que não existe um modelo melhor e outro pior. A educação à distância já existe como possibilidade de oferta pelas universidades brasileiras há mais de uma década.
No entanto, a pandemia, junto com e evolução exponencial das tecnologias digitais, acelerou o ensino online como forma das universidades continuarem oferecendo os seus cursos sem que os estudantes percam tempo na sua formação e, consequentemente, na sua empregabilidade.
Todos: estudantes, professores e universidades rapidamente tiveram que encontrar soluções para que o processo educacional não parasse.
Certamente, após acabarem os efeitos da pandemia, a educação não será mais a mesma: surgirá uma mistura do online com o presencial.
Mas, esse é um assunto para outro artigo. Voltemos a nossa pergunta inicial: como aprender estudando online?

No meio de algumas incertezas, é certo afirmarmos que não podemos comparar o ensino presencial com o ensino online (Foto: Freepik)
Algumas mudanças quando se estuda online
Uma mudança forte para todos os estudantes é aceitarem que cada vez mais serão senhores do seu tempo, pelo menos quando o assunto for aprender.
Ou seja, os conteúdos, textos, vídeos, atividades estão disponíveis sempre e podem ser acessados de qualquer lugar. Chama-se isso de flexibilidade. Entretanto, nem tudo são flores.
A maioria dos estudantes foi acostumada a estudar apenas na hora determinada pelas escolas e universidades: a famosa grade de horários.
Para mudar essa forma de agir é importante que os estudantes construam novas habilidades importantíssimas:
- autonomia;
- responsabilidade;
- organização.
O curioso é que essas habilidades caminham juntas com o que o mercado de trabalho deseja encontrar nos seus profissionais.
Além das habilidades técnicas, não é mais possível imaginar profissionais que não sejam capazes de decidir rapidamente em situações complexas, de se organizarem rapidamente para realizarem uma tarefa e de serem responsáveis e líderes dos projetos que participarem.
Dicas para aproveitar melhor o ambiente online
Todos nós sabemos e vivemos na pele a enorme dificuldade de mantermos nossa atenção quando estamos imersos na internet.
A quantidade de informações e as possibilidades de entretenimento são enormes. Para que o estudante possa aproveitar ao máximo a aprender estudando online, sem perder a atenção, temos algumas dicas:
– Escolha os melhores horários para você estudar. Aqueles horários que você sabe que terá menos interferência externa. Comece por 30 minutos por dia, tendo a certeza de que serão 30 minutos mesmo. Não coloque muito tempo no início, pois certamente você não conseguirá cumprir e vai se frustrar. Aos poucos vai aumentando, na mesma medida que aumenta o prazer em estudar;
– Retire todas as notificações do seu celular ou computador, pelo menos no tempo que você estiver conectado estudando;
– Siga fielmente o planejamento de estudos proposto pelo curso ou disciplina que você estiver cursando. Em paralelo, trace objetivos próprios e evite se desviar deles. Caso surja algum assunto interessante, anote e vá para ele apenas depois de cumprir o seu roteiro inicial. As chances de você se perder são grandes, tenha certeza disso;
– Se possível, faça o download de todos os materiais e na hora de estudar tire o acesso da internet. O mundo não vai acabar se você tiver desconectado por 30 a 60 minutos por dia.
Depois de estudar cada tema proposto, crie o hábito de sempre avaliar como está a sua evolução no aprendizado.
Em geral, os ambientes virtuais de aprendizagem oferecem muitas formas de você se autoavaliar, aproveite esses momentos. No meio de tantas atividades, é importante saber se estamos de fato aprendendo.
Lembre-se: seja responsável pelo seu aprendizado, não delegue aos outros o que é importante exclusivamente para você.
Já que estamos inevitavelmente no meio online, vamos aproveitar ao máximo para potencializar as relações com os seus colegas e professores.
Crie grupos de estudo virtuais, participe de comunidades sobre assuntos do seu interesse profissional, siga e interaja com profissionais que fazem projetos e serviços que você admira.
Relacione-se com os seus professores de forma objetiva quando o assunto for sobre as dúvidas que você teve ao longo do estudo. As ferramentas digitais facilitam, e muito, as interações.
Perspectivas para o futuro
Na sociedade do Século XXI, pós-pandemia, o diploma universitário não será a única garantia para obter emprego ou de que o estudante terá desenvolvido todas as capacidades necessárias para as mais diversas atividades profissionais.
Devido às questões aceleradas pela pandemia e pelo alcance cada vez maior da internet e dos aplicativos e plataformas digitais, as universidades precisam se reinventar, e isso já tem ocorrido.
Precisamos também levar em conta que é uma ilusão imaginarmos que os estudantes possuem igualdade de acesso aos recursos digitais que a internet disponibiliza.
Somos um país de inúmeras diferenças e a inclusão e acessibilidades digitais são questões importantes a serem resolvidas dentro da esfera das políticas públicas de Educação e que certamente envolverá toda a sociedade para encontrar as melhores soluções.
Cada vez mais o foco das universidades e escolas será em criar e dar vida a projetos inovadores, criativos e colaborativos que aumentem o engajamento dos estudantes, propiciando mais alternativas de aprendizagem e personalizando a experiência de cada um.
Não bastarão ambientes online super bem desenhados e usando as melhores tecnologias disponíveis se os estudantes não perceberem e constatarem na prática que a sua aprendizagem foi efetiva e transformadora.
É certo que entramos num mundo totalmente novo e que não existirá uma volta para o que existia há um ano atrás. Todos estamos nos reinventando.
O conselho que dou aos estudantes é que se adaptem o mais rápido possível.
A evolução humana já mostrou que quem sobrevive não é nem o mais forte nem o mais inteligente, e sim os que se adaptam mais rapidamente às mudanças do ambiente.
*Esse é um artigo criado por um autor convidado e suas opiniões são próprias, e não necessariamente refletem as ideias da empresa.
Sobre o autor
Max Damas é Pró-reitor Acadêmico do Centro Universitário UniCarioca. Engenheiro de Computação, Mestre em Engenharia de Sistemas e Doutor em Engenharia de Produção. Assessor da Presidência da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Avaliador do MEC/INEP. Autor, palestrante e especialista em Educação, Tecnologia e Inovação.